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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ensino do holocausto será obrigatório nas escolas municipais de Porto Alegre














Sob forte aplauso da comunidade judaica, o prefeito José Fortunati sancionou hoje, 18, o projeto de lei de minha autoria que torna obrigatório o ensino do Holocausto na rede municipal de ensino. Porto Alegre é a primeira cidade do Brasil a adotar a medida. A solenidade ocorreu no Salão Nobre do Paço Municipal.

O projeto estabelece que o ensino sobre o holocausto seja desenvolvido junto ao conteúdo programático da disciplina de História. Após a sanção, será formado um grupo técnico da Secretaria Municipal da Educação com o apoio da Federação Israelita do Rio Grande do Sul. A história do holocausto passará a integrar o conteúdo programático a partir do ano que vem.
















Após a solenidade, recebi a visita do cônsul de Israel, Ilan Sztulman, que destacou a importância da iniciativa de Porto Alegre. “Em nome do Estado de Israel agradeço à cidade pela grande demonstração de aceitar a multicultura. É um momento de muita comoção”.

Segue abaixo o meu discurso.

O Mal

“The only thing necessary for the triumph of evil is good men to do nothing.” (Edmund Burke)

Escolho as palavras para que minha manifestação não soe negativa, contaminada pelo que vi, ouvi, soube e que li acerca da aprovação e sanção do meu projeto de lei que institui o ensino do holocausto em nossas escolas municipais. Escolho porque não é momento de lamúrias, é momento de entoar cantos de alegria. Não é tempo de reclamações, é tempo de agradecimentos! Mas pelo menos uma breve reflexão se faz importante acerca das críticas. Há, é verdade, aqueles que não compreendem os porquês de um projeto dessa natureza. A esses é que se faz necessário ensinar, para que enfim descubram os porquês!

Por isso voltei meus olhos para as crianças, porque é na primícia de seus espíritos que encontramos o solo fértil para que a semente da compreensão gere doces frutos. Ecologia, humanidade, ética, respeito e tolerância devem ser valores plantados na alma lá no início. Mais adiante, já ressecado muitas vezes pelas vicissitudes da vida, contaminado por ideologias, o espírito humano torna-se refratário inclusive, como tenho visto. Vi corporativismos, professores irresignados porque um político ousa invadir-lhes o seu sagrado espaço do monopólio do ensino e das formas de ensinar. Perdoem-me, não foi essa a minha intenção. Aqui não legislou o político em causa própria como disseram alguns, legislou o ser humano em busca de luz para todos.

Quem endureceu tanto o seu espírito que não se comoveu ao ver “A vida é bela”, obra-prima do cinema italiano. Quem não se deixou tocar ao assistir “O pianista”, aos horrores da barbárie! Quem não derramou uma lágrima ao ver “O menino do pijama listrado”? Quem? Quantas Anne Franckies existem e que a escuridão escondeu? Então faça-se a luz! E compreender essa necessidade é comprometer-se com a construção de um mundo melhor. Se o argumento contrário é que a partir de agora teremos que ensinar outras mazelas, que bom replico, ensinemos pois! Desde quando boa informação é dispensável? Ouvir isso de um professor, isso sim me causa estranheza. Mas acredito no sacerdócio do magistério. Acredito que crescemos fazendo os outros crescerem, e que formar um caráter, um cidadão, um ser humano, como fazem os professores, é a tarefa mais nobre que se pode delegar a alguém. Agradeço aos professores que tive, em casa e na escola!

O mal do nazismo é indizível, isso precisa ficar entendido. E as origens devem ser estudadas, dissecadas, e por mais doloroso que seja é imperioso tentar-se compreender o incompreensível.

Melhor que eu, escreveu o Dr. Antonio Carlos Cortes em artigo publicado na Zero Hora. Lá pelas tantas assevera: “essas leis enaltecem, no Estado Democrático de Direito, a pluralidade do acolhimento as diferenças”. Assim pensou a UNICEF também! Sinto-me mais confortável na companhia destes, e de vocês, mais do que na dos que criticam.

A paz que tenho é saber que a cada alma que este holocausto tragou ou a cada negro que os grilhões aprisionaram, que foram subtraídos de sua pátria, de suas famílias, de sua dignidade, jogados ao mar ou ao acoite, a cada judeu, cigano, criança, velho, jovem, a cada um que morreu sem crime ou culpa e que morre ainda hoje, há aqueles, como nós, comprometidos com a justiça e o resgate das suas memórias.

A única coisa necessária para o triunfo do mal é os bons não fazerem nada, disse Burke. Nós, eu, lutamos contra o mal!

Obrigado prefeito Fortunatti pela compreensão! Obrigado Porto Alegre!

Um comentário:

Profª Dalva Eliza Fraga de Andrade disse...

Parabéns amigo, tua mensagem toca fundo nossos corações. A discriminação, a segregação e o racismo tem de realmente acabar.
Iniciativas assim contribuem sobremaneira para nosso enriquecimento cultural e social.
Que Deus te ilumine e abençoe sempre.
Abraços,
Dalva Eliza